sábado, 14 de agosto de 2010

VERSOS PERDIDOS




VERSOS PERDIDOS

Sem saber escrevo,
sem nada que de tudo sobre,
sem nexo,
no viver inexorável de um dia,
mundo a fora,
jazigo em castigo,
fazendo a cada uma coisa,
doce amarga poesia.

Um dia,
um vinho, um chatô,
um amor, uma decepção,
uma poesia,
doce amargor de perder uma paixão.

Momentos,
realentos levados,
fazendo perdidas,
currutelas em pântanos,
poesias aladas,
dormindo em prantos.

Implicados com os poetas os pagãos de leituras,
pobres de leigos,
não sorverão de doce amargo,
poesias escritas.

BICHO POETA


BICHO POETA

O poeta não é um ser igual,
irracionalmente,
come da ração de versos,
e tem instintos ao poetar,
feito ao trato animal.

Nada de coisas corretas,
regras as favas,
o poeta pós-contemporaneo,
tem que inovar,
e só se inova sendo díspare.

Incomum certeza da ausência,
de sonetos quadrados,
de alma livre e coração aberto,
os rumores de versos,
deixo em aberto.

Sem pestanejar
é um sublime domo, poetar,
qualquer instante elevam,
e mostra tudo
no eterno nada
do efêmero viver de um contemplar.

Poesia,
prá um êxtase não há melhor terapia,
pra quem le doce alegria,
de saber que esses versos
dentro de um coração moraram um dia.

BOCAJE


B O C A J E

E J A C O B

E D U A R D O J A C O B


INTELEGIVEL


SOFRIMENTO INTELEGIVEL

Minha pátria é minha memória,
me perco onde encontro o desconhecido,
onde o caminho que sigo,
sigo sem saber,
somente com a ilusão,
a vontade de ser é ter.

Prolifera-me a cultura,
e o resto dela me cativa,
em noites reféns ditaduras,
invadem a memória de esculturas,
em poemas, versos feitos agora.

Em braços de coerção convergem a lei,
mas não é em si a própria lei,
em decifrar futuro dizem as ciganas,
todos eram reis.

O poeta é um mestre,
o mestre do sofrer,
saboreia o próprio sofrimento,
no sofrimento initeligivel,
a nós pródigos mortais.

Poetas tem sensibilidade aguçada,
sonham todas as noites,
Best Sellers namoradas,
doces deleites,
mesmo ensolaradas,
noites in’clano poetadas.


TORRENTES







REAÇÃO POÉTICA

As vezes foge, escorrega feito peixe n’agua,
quando a gente corre,
pra eternizá-la em versos,
foi-se ela sei lá pra donde,
a inspiração.

Noites vagas,
escaldantes vulcões de lavras poesias,
em torrentes avalanches de versos,
caem sobre a fronte deleitantes,
dor e gloria de mãos dadas,
no crepúsculo da ilusão,
domada e dominada pela inexatidão,
de por essa emoção,
trancafiadas velhas paixões,
em sete chaves nos poetas,
corações.

Sou agora um díspare de outrora,
sinal impar querendo o par,
de versos em ementes a clamar,
e a fortuna inspiração declarar.

Versos não são caprichos,
caprichados não tem inspirar,
nem de longe nos fulgores,
e nos provocam,
nos fazem sem saber porque,
chorar.






EMOÇÃO SUPLANTADA







EMOÇÃO SUPLANTADA AO LEITOR

Todo poeta que presta,
a dor rida não se resta,
contorcida se estala,
e aos que lêem a dor empresta,
não a sua,
mas no leitor escondida se instala.

E assim vai passando o poema,
de fonema em fonema,
ate ao acúmulo de versos,
em formar mais um poema.

Um livre é o poeta,
sua inspiração aos outros empresta,
nada se perde o verdadeiro,
pois nesta vida,
sua inspiração é só o que possui o poeta.

De ganhar em perder vive o poeta,
a cada paixão perdida,
se descobre uma poesia escondida,
e com todo amor ele desperta.

Feito flecha ao encontrar a mosca,
o poeta é a sua sensibilidade,
poeta não quando tem vontade,
mas quando a própria vontade,
se manifesta sem vaidade,
com toda liberdade.

Poema da noite
















POEMA DA NOITE

Noite,
bela coisa a pestanejar,
cansa-me alma,
dor na flor de descansar,
me acalma.

Pego a caneta impudente,
e faço rasgos,
na guerra dos mergulhos,
insanos sonhos,
tubarões de ilusões me consolidam,
e ao raiar do dia,
me vomitam,
neste estômago dilatado,
de tantos sonhos fracassados,
vem de nova uma poesia,
quase em melodia,
mas a vida do poeta,
é mais uma brega melancolia.

Não agüento e me dissolvo,
em poesias, versos meus,
de nada adianta,
já é noite de novo,
e de novo,
outra fera irá me devorar,
e vomitando na alvorada,
de novo amanhã estarei,
assim até o dia triste fim da poesia,
ao ser devorado, ser absorvido,
morrido.

Aflição











AFLIÇÃO

Sinto o peso da exaltação,
noites a dentro,
medos a fora,
na dor de só,
a solidão que aflora.

O medo me coagiu, coibiu-me,
fui forçado a parar,
no verso que se arremete,
meu estômago algo
de expor promete,
vomitar.

Larguei tudo,
minha caneta impudente,
minha inspiração louca de êxtase,
fui de mundo-verso embora,
mas amanhã,
acordei contente.

O que me ocorreu na hora,
aquela que transpareceu derradeira,
dores esparsas,
amargas farsas.

Ao olhar para trás,
não sorrir consigo,
apenas contorno,
feito a água do rio,
que segue seu curso,
mesmo em desvio.

Risco n'água
















RISCO N’AGUA


Escrevo muito,
uma hora algo que preste,
a ser vida ou defunto,
a carne corta a gilete.

Em contradição,
vive um ser a poetar,
homem hoje, inabalável,
uma criança amedrontada,
de ontem a esperar,
no colo da mãe a chorar.

E nas cordas,
digo em plural,
pois a vida de todos
que nessa terra vivem,
é um risco na água,
feito sabor doce sem caldas,
hora doce, hora amargo,
depende do que ao destino convêm.

Seres,
todos viveres,
e nem sabereis,
como sereis,
o amanhã de sabores,
ou disabores,
amores ou dores,
apenas o agora,
sabemos no respirar,
que somos ainda seres a viveres.

Cisma


CISMA

Cisma em escrever,
de repente sem nexo
me veio a poesia me entreter,
inspiração ato complexo,
que invade todo contexto,
e o ser,
sem saber o que fazer,
corre, reluta,
deságua em puro compor.


Imaginação comanda a vida,
dos que ousam ir além,
um pouco mais que lhes permita
sua existencia sofrida.

E nunca se enche,
a mente de criação,
criar é imaginar realizando,
é um sonho vivido,
é amor é paixão.

Cismei com a poesia,
na verdade nem sei,
se eu ou a fantasia,
quem cismou comigo,
no agir, respirar
expirar versos
com a caneta impudente,
riscando o papel submisso,
sem qualquer compromisso.



Poetas no Cantão


Avenida Imbiara







Embalos de um sábado a noite em Araxá

Em meu estar presente nas ruas e nos lugares em que gostaria de estar tornou-se pouco comum, depois que fui apresentado e apaixonei-me. Tudo tornou-me a ter uma valor absorto entre tantos valores de ser e tempo e espaço,no confinamento de amar e poetar. Despido de qualquer quimera ideológica, me vejo um restício de gente seguindo rastros de saudades delirantes. Velhos amigos sinto falta, mas o tédio não faz morada e então me lembro de que tudo é relativo e vivo a poetar, sentado a beira do caminho, uma vida em desnorteio. Na rua de minha cidade sento-me em algum lugar no alto da avenida mais movimentada e badalada, tenho uma visão privilegiada, olhos de águia e cão farejador que a tudo cheira e investiga, e a denuncia não habitam em mim, não sou dedo duro, a isso eu esconjuro. A alma esta alerta a pouca distancia da rua e de seus desfechos em episódios feito nas telas de tramaturgia na TV . Aos meus olhos repousam na matéria a ser impressa são reduzidos pela efervescência da vida, ali dinamicamente humana , minha vida existência de ser um poeta em uma cidadezinha como Araxá em interior do vasto e rico estado de Minas Gerais. Olho,nas calçadas da avenida top dos fins de semana na cidade nos barzinhos mais badalados pela burguesia, nata araxaense, reina muitas vezes a podridão da discriminação social, já nem é mais racia a muito tempol deu lugar a social ,desde que se tenha dinheiro não importa muita coisa pra aquela gente hipócrita, uma burguesia incógnita que cada vez que mais se distancia dos pobres coitados e mais se sentem melhores . Passeiam enrriquietas as burguesinhas , estacionam perplexas , cabelinhos padronizados salto alto Luiz quinze, o rosto todo borrado, feito Pierrô retrocesso , em pingos de brilhos de meiguisse escondendo a fera que a por dentro delas em busca de fama e dinheiro dos otários que se acham ao melhorarem um pouquinho de vida, conseguindo um empreguinho melhor em alguma grande firma ou coisa e tal. Vejo casais de namorados abraçados felizes para os que vêem de fora e infelizes ao extremo por ele mesmos por viverem de aparência , em suas casas deixaram os filhos pequenos com as avós passando necessidades e saíram para festas de patricinhas que pagam muitas caixas de leite para matar a fome dos que ficaram em casa, isso tudo em nome da ostentação. Os que dirigem seus carrões novos zero quilômetros importados , muitas vezes devem muito mais que ganham a vida inteira, hipócrita bobeira. Uns matando aula com cadernos na mão e cigarrinho na outra logo absorvidos pela corrente humana da avenida . Carros em alta velocidade sem preocupar-se com a gasolida que esta em alto preço, so oque importa aos boyzinhos é impressionar as patricinhas doentes por aparências: marcas, motos , alto-padrão de qualidade, forte, barulho,exatidão,e vencedores é o que elas querem. A avenida é um contra-ponto de tudo dois mundos tão distantes e tão juntos igualmente imundos: o céu que é ilusóriamente céu e é na integra o inferno , e o inferno real que é retratado pela falta de tudo , até mesmo da dignidade humana. Homens e mulheres na captura de um final de semana, ciclistas em aceno de reconhecimento ou desejosos de serem reconhecidos por algum figurão da sociedade local e conseguir na segunda feira um horário pra entrevista de emprego. Cãezinhos bem tratados sob a tutela de madames cheirando forte aromas de mulheres velhas e vira-latas esses sim na maior farra , se lixando pra convenções . O mergulho no formigueiro humano lembra-me a poesia escrita, essa agora que agoniza nas etantes de bibliotecass e ninguém quer nem saber que elas existem quanto mais ler. Vez e outra ouço o garçon: mais dois chopes? Dois é claro! Tarde assim dia atípico final de semana movimentado em Araxá coisa inesperada inexplicável , mas é, e assim nasce mais um verso que tanto sonho em escrever , mas para que escrever versos , se ninguém aqui quer saber de outra coisa agora nessa tarde da madrugada, já são quase quatro da manha e só o que se tem são orvalhos , pingos em gotas caídas de graça do céu , a única coisa de graça nessa noite tão poética e sem nenhuma ternura da parte cidadã, é também esta poesia que entre tanta lama e podridão , fez-se um texto poético a que se retrata a verdadeira realidade de vivenciar os embalos de um sábado à noite em Araxá,só nos vem reforçar a efêmera fórmula milenar de que no meio do mais tenrro estrume dessa vida é que se nasce a mais refinada em encantos flor da poesia.